Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos,
Onde me revejo. E as mãos, arados.
E
os punhos erguidos.
Sons
de fábricas a martelar silêncios
Perdidas
na voragem dos dias
Infecundos.
E do lucro
Sem
fronteiras.
E,
no entanto, esta torrente. E esta fonte
Que
desce em cascata de palavras
Verbo
que se faz carne. E ferve
No
peito a latejar
Rubros
cravos
E
bandeiras.
Nada
é definitivo quando a rocha
Se
abre ao fogo. Nem a memória
É
fatuidade de um beijo e
Cantilena
de amores
Em
retalho…
Nem
a Revolução um feito
Inacabado.
Antes um horizonte aberto
A
oferecer-se em cada tempo
Sonho
sempre novo
Em
cada gesto
Logrado
Como
um poema sinfónico
Passo
a passo a arder por dentro
Uma
cadência sem idade.
E este amor desatado!
E este aguilhão e este alvoroço
E
o rosto magoado deste Povo
A
inscrever um tempo novo
Letra
a letra
Liberdade.
25
Abril Sempre!
Manuel
Veiga
15 comentários:
Poema ao 25 de Abril simplesmente BRILHANTE.
A sua inspiração e criatividade poética é fascinante. Talvez o poema sobre o 25 de Abril mais bonito que já li na blogosfera. Parabéns.
25 de Abril Sempre.
.
Domingo feliz … Saudação poética
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Olá, amigo Manuel, gosto muito do tema "tempo".
Esse tema foi explorado nesse belo poema com sabedoria e inspiração. Para o poeta, em geral, o tempo é o parceiro de muitas viagens, principalmente a viagem à infância, de retorno ou de outras fases importantes da vida.
Parabéns, caro amigo.
Uma boa semana,
Grande abraço.
Sim, é o tempo... e quantas imagens passam pela nossas cabeças como num filme! E que nunca param de surgir.
Belíssimo poema, tão inspirado, amigo Manuel.
Uma boa semana, amigo, na medida do possível.
Beijo, cuide-se.
Fabuloso poema, Manuel!
Forte abraço!
Tudo neste Poema faz sentido. Palavras que nos
mostram como o tempo pode alterar a visão
das coisas e nem sempre para melhor:
"Sons de fábricas a martelar silêncios
Perdidas na voragem dos dias
Infecundos. E do lucro
Sem fronteiras".
E há "este amor desatado" e a teima em soletrar,
letra a letra a Liberdade.
Sempre a admirá-lo, Manuel Veiga.
Abraço,
Olinda
Liberdade, liberdade!
Não é preciso nenhum galo para anunciar este grito!
Ou este vigoroso poema desentranhado para lembrar a quem de direito que se cumpram as promessas do passado.
Um abraço, caro poeta!
Apetecia-me responder apenas uma palavra:
Sempre!
Não fora o poema tão belo e, ao mesmo tempo, tão arguto.
Beijo
Abril continua vigoroso e febril na gana de se cumprir. Assim o dizes.
E continuas a desfraldar as bandeiras que nesse dia e ergueram. Continuas a cantar o amor, a mágoa e a liberdade. Sabemos que Abril será sempre um tempo novo que queremos abraçar.
Canta, poeta! Nunca deixes de cantar.
Um abraço e um cravo.
Abril Sempre!
Uma revolução nunca está acabada, de facto.
Por isso, a luta continua... sempre...
Excelente poema.
Bom fim de semana, caro Veiga.
Abraço.
A Liberdade é um diamante,
um tesouro, legado generoso,
herdado por mil mãos
E é obra imperfeita
Não requer deslumbramentos
Quer é coisas, palavras, alegria,
e vontade de acrescentar à utopia
faces novas a cada dia
polidas com muita poesia
Tens, aqui, um poema que mergulha na anatomia das circunstâncias da conquista. Muito bom.
Abraço.
E neste tempo novo, que nunca o povo esqueça, a luta por tantos travada, para se conseguir com cravos a tão desejada liberdade.
Um poema sublime
Abraços
Sim, 25 de Abril sempre!
E , verdade, a Revolução não acabou.
Te abraço, meu amigo
Poema épico!
É preciso acreditar que o tempo abrirá novos caminhos, cavará novas searas, produzirá novos frutos...
Abraço
SOL da Esteva
"Verbo que se faz carne. E ferve
No peito a latejar
Rubros cravos
E bandeiras."
Só me apetece transcrever o poema todo por ser tão forte, tão verdadeiro, tão belo. Obrigada, meu Amigo.
Muita saúde. Uma boa semana.
Um beijo.
Um poema forte, a homenagear Abril.
Bem escrito.
Grito à liberdade.
Desejo um Feliz resto de domingo cheio de paz e saúde.
:)
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