Visto-te de vermelho
E em nudez alva te lavro
Seara e gleba
Te desbravo
E te digo
E sou brado
E sou arado
E tu és grito
E eu sou bardo
E sou também marinheiro
Corpo do povo inteiro
E tu és raiz.
E uma canção intemporal
Terra sem amos se quis
E poemas mais de mil
E espingardas
A florir
E essa coisa de novo
De vermos soldados e Povo
A gritar do mesmo lado:
A terra a quem a trabalha
E agora aqui chegados
Há um vermelho que resiste
Com que incito teu ardor
Eu sou caule, tu a flor
E em abraços nos damos
Em fulgor de liberdade
Trazendo novas à cidade
Dos sonhos enfim perdidos
Que continuam a florir
Enquanto alguém quiser
Em poema de amor, de Abril
Tu toada e eu verso fa(e)bril
Reinventar o mês de Maio
E a força do Trabalho
Tu a forja e eu o malho!
Manuel Veiga
18 comentários:
Belo poema em louvor de uma sempre
renovada epopeia.
O cravo, o vermelho, o povo.
O tempo que avançando
tudo colhe e tudo semeia.
Um abraço Poeta.
Forte abraço forjado em Abril, Manuel!
Pois é, amigo Manuel, certamente parte da inspiração (se é que podemos dividi-la) veio da primavera que está a florir campos e jardins e a perfumá-los, no seu Portugal.
Muito bom ter lido esse seu belo poema. Parabéns. Uma boa semana, com saúde.
Grande abraço, amigo.
Só pode ser vermelho de papoila, de cravo e de sangue, só pode ser seara e brado e povo inteiro, só pode ser de Abril este poema de amor.
Manuel, querido amigo, eu já tinha lido e lerei de novo.
A poesia é uma deusa que te habita.
Viva Abril!
Beijos.
Manuel Veiga, o Poeta! Nota-se que a primavera está em Portugal, época de encantamento, de renovação, e de belos poemas! Sem dúvida a mais bela estação. Pois aqui está um deles, mais um lindo poema!
Poema a ser lido muitas vezes pela beleza de cada verso, de cada estrofe. Belíssimo.
Uma boa semana, meu amigo, com saúde, paz e esperança!
Beijo.
Belo casamento entre a paixão e a luta....
Beijinho
Tais, minha amiga,
estás a ser injusta com os Poetas do Brasil
Portugal não tem dimensaã para "Poetas" com Maiúscula
comem-se uns aos outros rs (falo seriamente)
gosto de dizer que sou escrevente de Poemas!
um beijo primaveril para ti
Um poema muito inspirado e conclusivo.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Portugal é pequeno, como bem dizes à nossa Amiga, Tais Luso e, confesso, Manuel, que eu só tive noção da sua pequenez ( em área..claro ) depois que emigrei para o Brasil; aí, sim, constatei que Portugal era um " ovo ". Mas, aqui, neste teu poema, não estás a falar da dimensão do nosso país; sim, a primavera chegou, o sol começou a dar-nos a sua luz, os jardins enchem-se de flores, mas, Abril, para nós portugueses, tem um sabor especial, sabe a liberdade, tem o perfume dos cravos, a cor vermelha da paixão, paixão que levou uns tantos corajosos a libertarem o seu pais sem derramanteo de sangue, também ele vermelho. Lembro desse dia, apesar de, só depois de ter acontecido, entender de facto o que ele representava para todos os portugueses. Manuel, esta pandemia não vai deixar, mais uma vez, que se faça uma grande festa no próximo dia 25, mas, tenho a certeza, todos se lembrarão da importância que esse dia tem. Um beijinho, Manuel e obrigada pelo belo momento de poesia. Concordo....o Brasil também é riquissimo em literatura, seja ela poesia ou prosa. SAÚDE para todos, Amigo!
Emilia
Boa tarde Manuel,
Tão belo, mas tão belo o seu poema de Abril!
O melhor poema que li sobre a Revolução.
Parabéns, Poeta!
Um beijinho e saúde.
Ailime
"Espingardas a florir"
Bela imagem da Revolução de Abril. E só poderiam ser de amor
as palavras ditas neste Poema de rara beleza. Igualam-se
a liberdade.
Dos sonhos perdidos outros florirão enquanto houver homens
e mulheres de boa vontade.
Grata, Manuel, por ofereceres à nossa leitura estes momentos
de Poesia, da melhor.
Grande abraço
Olinda
Caro Manuel,
Algo assim é o que se pode chamar de semeadura e tem que ser um bardo na acepção da palavra, aquele que sabe brincar com as palavras como fazes também. Rendo-me à beleza do seu poema!
Um abraço, Poeta!
Leia-se "como o fazes tão bem".
Um poema de amor e liberdade.
E os soldados e o povo também se juntaram num ato de amor na luta pela liberdade.
Excelente.
Bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Abraço.
"Corpo do povo inteiro". Neste vermelho que resiste não vejo só os cravos, mas o olhar dos que acreditam e acreditando se salvam de tanto atentado à nossa democracia. Um poema maravilhoso, meu Amigo.
Muita saúde.
Um bom fim de semana.
Um beijo.
Uma sentida e bela homenagem a Abril, à revolução dos cravos, aos sonhos de outrora e ás esperanças, que sempre existirão no coração dos ainda acreditam.
Maravilhoso momento de poesia.
Beijinhos
Belo poema, Manoel! Gostei! O caule e a flor... E a primavera e o amor! Parabéns, amigo! Abraço fraterno! Laert.
Com a qualidade que já sabemos.
O sonho é flor de bardo
marinheiro e soldado
É bom cantar
para não esquecer
a cor e o tom
o bom cantar
de Abril
(há por aí uns emplumados
répteis dissimulados.
Saídos da toca julgam-se asados
e azados.
O seu desígnio é enganar.
São barítonos de ofícios fúnebres)
Abraço.
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