quarta-feira, maio 26, 2021

SEM RAZÃO QUEM SE AFADIGA...


Dizem-me ser urgente amor

Mas sem razão quem se afadiga

Em cortar cerce a flor

E a profanar a rosa

De um trago…

 

Entre o amor e o desalinho

Uma gramática de signos mudos

Pela polpa dos dedos decifrados

Que se acendem no percurso dos lábios

Em ardor de seda e lume

 

E ardem. E renascem em espiral

Lume com lume. E os corpos já não corpos

Apenas lume aceso. E o vernáculo

A inscrever o verbo no murmúrio

E na incisão vertical da pele

 Onde em tributo e dádiva os corpos

Se libertam

 

Manuel Veiga

 

12 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Um poema de amor belíssimo!
Sublime inspiração.
Beijinhos,
Ailime

Olinda Melo disse...


Um belo Poema que é um contraponto ao que se
diz e ao que se poderia ou deveria fazer.

No Amor nem sempre tudo é claro e cristalino,
e as suas demonstrações, por vezes, ficam
aquém do que se desejaria.

"Essa gramática de signos mudos" é um livro
a decifrar com tempo e com o tempo.

Sempre a admirá-lo, Manuel Veiga.

Grande abraço
Olinda


Teresa Almeida disse...

A arte flui como quem tece uma cálida melodia. E entre a seda e o lume liberta-se a chama.
São cativantes os matizes do teu poema, caro amigo Manuel Veiga.

Forte abraço.

Graça Pires disse...

Libertos e em dádiva os corpos são lume aceso entre o amor e o desalinho. Tão inspirador, meu querido Amigo!
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
um beijo.

Tais Luso de Carvalho disse...

Que lindo poema, querido amigo poeta, mesmo em plena pandemia sua inspiração está em alta, e isso é muito bom. Não é sempre que as coisas que nos atingem, como esse afastamento dos amigos, parentes e todo o nosso cotidiano modificado não interferem nas nossas ideias. Na nossa sensibilidade para escrever.
Acabo de ler um excelente poema!
Aplausos, amigo!
Beijo, uma boa semana, e cuide-se.

lis disse...

Há de ter um alinhamento,
_ para que floresça a flor.
e a dádiva é seu poema lindo e libertador.
abraço, mVeiga

São disse...

Belo poema sobre a paixão .

Bom JUnho e um abraço

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, meu amigo Manuel, gostei muito desse seu poema, uma obra de metalinguagem sensível e bem construída, com ritmo e a melodia indispensável.
Parabéns, Poeta!
Um bom final de semana, com muita saúde.
Grande abraço

Elvira Carvalho disse...

Um belíssimo poema.
Peço desculpa pela ausência, mas os olhos têm-me afastado do computador.
Abraço e saúde

Eapkmod For Game disse...

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AnaMar (pseudónimo) disse...

Ardente poema. E arde(m) palavras belas.

Agostinho disse...

A pressa não rima com amor,
avisa o Poeta ao chegar
Quem não tem tempo não ama
não pode amar
E todo o arrepio, toda a febre
toda a combustão o Poeta canta.

Muito bom, MV.
Saúde e um abraço.

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