O
levíssimo tule que verte a nudez das estátuas
Detém
também uma policromia outra, que se nega
E
a geografia das ondas e das águas fulvas
Sem
que – reparem – por vezes, o saibamos dizer.
………………………………………………..
Tudo
é nada. Apenas a avidez das coisas
Lhes
traça o perfil em que se despenham
E
lhes esboça existência – precária forma!
Ineptos
nossos olhos deslizando
Pela
superfície acumulando sinais que tecem
Girandolas
fogosas, logo desbotadas ou
Perfidamente
sedutoras na voragem
Do
instante – néscios que somos
A
exibir aparências e a colher o Vazio
Como
se veracidade das coisas fosse
A
nossa fome delas
Manuel Veiga
6 comentários:
Lindo!... Falar de nudez
De estátua em tênue tule
Sem dobra que acumule
Sombras opacas talvez.
Deve ter a lucidez
Ou uma luminescência
Diáfana de aparência
Quase total à visão
Do belo à imaginação
Do nu por ser a essência.
Belo poema! Parabéns pela postagem! Abraço fraterno. Laerte.
Meu querido Poeta (clássico) é tão bom ler-te!
Beijo
"Como se veracidade das coisas fosse
A nossa fome delas"
E eu sinto tantas vezes que é assim, meu Amigo...
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
Gostei de ler. Muito.
Espero que esteja bem.
Abraço, saúde e bom fim de semana
"Reparem" - o Poeta convoca-nos na apreciação
da sua visão das coisas.
Por vezes, na nossa ânsia de agarrar tudo
depara-se-nos o Vazio com aparência de realidade
que mais não será que a nossa própria vontade
de nos apropriarmos dela.
Na nudez das estátuas, que o tule mal cobre, encontramos
a sensação álgida desses "nadas" que se escapam por
entre os dedos.
Belo Poema, amigo Manuel Veiga. Gostei muito.
Abraço
Olinda
Este poema é de uma intensidade tal que me deixa apenas a degustar como quando olho uma obra de arte e fico sem palavras.
Grande abraço, caro amigo Manuel Veiga.
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