quinta-feira, setembro 02, 2021

APARTEMOS ÁGUAS


Apartemos águas. Serenamente

Como cisne em seu deambular sobre o azul do lago

E que apenas, por momentos, deixa marca

No corpo da corrente, sob o cinzel de plumas.

 

Bem sabemos do freixo e de sua sombra.

Mas apartemos águas. Como se nossos corpos pagãos

Adversos embora – na minúcia das carícias –

Fossem o mesmo movimento das estrelas

E o agitar da brisa.

 

Apartemos águas, sim. E risquemos todos os nomes

Que nossa febre se alimenta de excessos e contingências

Perversas. E nossos corpos são assim a explosão verde

Do fluir da tarde – e dos dias negados…

 

 

Manuel Veiga

 


11 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Poeticamente perfeito, lindíssimo de ler. Gostei muito.
.
Cumprimentos poéticos.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

São disse...

Apartemos águas, mas não apartes de nós a tua poesia!

Te abraço, com votos de que estejas de saúde!

Tais Luso de Carvalho disse...

Esse belíssimo poema está um encanto, meu amigo Manuel!
Digo que é uma explosão de sentimentos.
Aplaudo sempre suas criações poéticas!
Um feliz domingo, cuidando-se bastante.
Beijo.

Juvenal Nunes disse...

A bem da nossa lucidez, apartemos águas.
Abraço poético.
Juvenal Nunes

Graça Pires disse...

Apartemos águas, sim. E risquemos todos os nomes
Que nossa febre se alimenta de excessos e contingências
Perversas."
Que mais acrescentar à lucidez do poeta?
Cuida-te bem. meu Amigo.
Uma boa semana.
Um beijo.

Agostinho disse...

Majestoso, caro Manuel Veiga, um poema superior.
No apartar das águas e no riscar
dos nomes
(sobretudo saber escolher)
está a lucidez de quem ultrapassa as grades
da tirania.
Abraço.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Olá, amigo Manuel Veiga, é sempre com alegria e satisfação que visito este espaço de saber e de poesia. Li esse seu belo poema com a atenção que ele merece ser lido, buscando compreender o sentimento que nele está contido, procurando seus mistérios nos desvãos das palavras poéticas. Resta-me pois, Poeta, render-lhe minhas homenagens por esta sua criação.
Desejo a você uma feliz semana, cuidando-se bastante.
Grande abraço.

Olinda Melo disse...


Poema belo!
Um apontar de caminhos sem encruzilhadas
ou tibiezas, numa paráfrase quase de:
"Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus".
Assim se escreve Poesia de excelência,
com Arte.
Adorei, Manuel Veiga.
Abraço
Olinda

Maria Rodrigues disse...

Temos mesmo de ir apartando águas.
Um poema sublime.
Beijinhos

Teresa Almeida disse...

Adivinhas que já tinha passado por aqui, mas não me basta uma leitura. O teu caminho é um apelo poético. Abres o verso à pureza, à serenidade, ao excesso e à explosão.

Beijos, meu amigo Manuel Veiga.

Jaime Portela disse...

Excelente poema, gostei imenso.
Os meus aplausos.
Bom fim de semana, caro Veiga.
Abraço.

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