quarta-feira, agosto 17, 2022

POEMA MAL AMADO

 

 

à sombra de meus versos

altos castelos e vistosas torres,

por dois anjos de fogo negro engalanados

do poeta apenas suas claras fantasias.

e o assédio de seu nome no livro dos reconhecimentos

 

um dia meus poemas, andarão por aí dispersos

como cinzas ao vento num bailado espúrio

de sombras benévolas a voarem e

partículas mínimas em busca de um verso

de amor ora interdito – milagroso grão de fogo –

salvífico em seu fervor de liberdade…


altos castelos e grandes torres a soçobrarem

reverso do verso a esboroar-se por dentro

como cúpula mal desenhada.

 

magnânimo o poeta, tudo perdoa e

por entre escombros, resga bandeiras

e estranhos hinos e um fanado retrato

da velha Messalina saída das ruínas

com uma alcateia de cães a ladrarem à Lua

e a lamberem o cio derramado…

 

 

Manuel Veiga

16.08.22

3 comentários:

Janita disse...

Não fico admirada que o poema tenha o epíteto, dado pelo autor, de Mal Amado. Eu confesso que o achei muito pouco glamouroso.
Parece ter sido inventado na alcova de um castelo medieval...:)

Abraço, Poeta Manuel!!

Juvenal Nunes disse...

Um poema muito forte, em que o poeta procura contrabalançar a sua angústia partindo das suas reflexões poéticas, em contraponto com situações de mais vincada tragédia.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes

Anónimo disse...

Olá querido Mario
Vim conhecer o teu espaço e gostei muito
Amo poesias e amei a sua!
Muito profunda! Abraços, aparece lá em casa, tem chá e bolo! risos, muitos.

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