segunda-feira, outubro 17, 2022

NEM REINO NEM GLÓRIA


 

Nem Reino nem Glória

Apenas os sapatos gastos e a poeira

Dos caminhos. E uma reluzente pedrinha

A brilhar por entre os dedos …

Valiosa

 

O salgueiro, como sempre, ali permanece

A oferecer sua sombra. E o rio

Agora seco nas cascatas

da memória.

E o freixo, E o canto do melro

A agitar.se em cio.

E também a menina da A, de Campos

Às portas da Tabacaria

(a comer chocolates, está claro)

 

E a inamovível pedra em que me sento!

Que me importa a mim a verdade

E a mentira! passa, tudo passa...


Apenas uma reluzente pedra me interessa

Passando de mão em mão

E a gargalhada dos deuses

E a última jogada! …

 

Manuel Veiga

22.06-22

 

6 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Intenso, profundo, poderoso, fascinante de ler
.
Uma semana feliz … Cumprimentos poéticos.
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.

Elvira Carvalho disse...

Um poema que muito me agradou.
Abraço, saúde e boa semana

Maria João Brito de Sousa disse...

Esplêndido poema, Manuel!

Forte abraço!

Parapeito disse...

Que maravilha , Manuel.
Para quê Reino ou Glória , quando se escreve assim!
Alma , isso sim.
A mentira,a verdade, tudo passa.
Haja sempre essa pedra reluzente, guardada num cantinho do coração.
Abraço e brisas doces **
( a escutar Pedro Barroso) Se houver alguém que não goste,não gaste deixe ficar.
Abraço e brisas doces ***

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo. Sempre com muita admiração deixo um abraço 🌻

Emília Pinto disse...

Nem " reino nem glória " devemos esperar da vida; não interessam, embora para muitos sejam imprescindíveis e aqui reside o mal da humanidade. A cada momento os dados são lançados e nunca sabemos o que nos vai calhar por isso há que ter a maxima cautela no modo como jogamos; nunca como um vicio tremendo onde a preocupação por ganhar o máximo nos leva à penúria. A vida é como um jogo que começa de uma maneira e que, de repente, apesar de todas as fichas na mesa, nos leva a ficar sem nenhuma; nunca sabemos quando é a última jogada e por isso, Manuel, deixemos os reinos e as glórias e vivamos com eqlibrio, sensatez e com muito respeito por tudo e por todos, principamente por aqueles que arrastam os pés pesados de cansaço pelos caminhos tortuosos que a vida destinou para eles e são muitos, muitos mesmo. Muito bom, como sempre, Manuel. Obrigada e saúde para todos aí em casa. Beijinhos
Emilia

  CADÊNCIAS ... 1. Enamoramento das palavras No interior do poema. E a subversão Do Mundo… 2. Cadências mudas. Em formação De concordâncias....