quarta-feira, outubro 19, 2022

Para Uma Nova Geometria


 

Que o Céu desabe e a Terra trema

e, do mar, línguas de fogo, devorem

todos os inocentes…

 

e o sol expluda em poeira cósmica

e o caos reine e seja antemão

de uma nova geometria

e seja vórtice de todas as mudanças…

 

e todas as línguas se confundam

num abecedário sem registo

nem verbos, nem nomes, nem pronome

e sem adjetivos…

 

e minha fome seja o pão negro dos pedintes

e minha sede uma lágrima tua!

 

e então que de meus olhos desça uma rosa vermelha

e um poema de cristal

para enfeitar  teus seios…

 

Manuel Veiga

19.10.22

 

 

9 comentários:

Olinda Melo disse...

Poema escatológico, prenunciando o fim do mundo.
Redime-se nos últimos versos.
O Poeta no seu melhor.
Abraço
Olinda

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Um poema que me deixou sem palavras, de tão belo, concebido pela sua genial inspiração.
Parabéns pela magnífica construção poética que faz pensar.
Beijinhos,
Ailime

Ana Tapadas disse...

Poema excelente.
Instalar o caos para reconstruir o cosmos...
Um beijo

Maria João Brito de Sousa disse...

Esplêndido, Manuel!

Forte abraço!

Ester Leme da Silva disse...

Isso é um poema? Que profundo há há
Parece um pouco em alguma parte da biblía em que todas as linguas se misturam e todas ficam com aquele olhar confuso, não entendendo absolutamente nada e é assim que nasceram as novas linguas :D
➻trocaseguidorecomentário?➻https://~🧜🏾‍♀️
Beijão

Jaime Portela disse...

E isso vai acontecer...
Excelente poema, gostei imenso.
Boa semana, caro amigo Veiga.
Um abraço.

Graça Pires disse...

Tão belo, como todos os poemas que vens escrevendo. Parabéns!
Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo.
Um beijo.

Tais Luso de Carvalho disse...

Maravilhoso, Manuel!!
São tantas obras primas por aqui... esta é um luxo!

"e minha fome seja o pão negro dos pedintes
e minha sede uma lágrima tua!"

Um beijo, amigo, uma boa semana!!

São disse...

Um final feliz para acabar um poema duro no início...

Beijo

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Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...