quarta-feira, julho 26, 2023

COMO SE FORA RITO...



Teus dedos açucenas em meu corpo aberto

e os olhos vendados. Como se fora rito

ou cerimonial secreto.  Sou levitação.

Agora meu corpo é algo místico a planar

Veludo de carícia e macieza da voz

Passagem de mãos em minha pele

sedenta, a abrir novos mistérios

e a alastrar em murmúrio

que apenas tuas mãos sabem

e, quando os dedos se enlaçam quase-nada

Em inocente jogo e expectante espera

e primaveril encantamento

Solta- se então o percurso das águas

que enjeitas embora as desejes

E sei então de ti pelo movimento

das pálpebras dobrado.

E teu sorriso-cativo...


Manuel  Veiga

07.2023

 

1 comentário:

Olinda Melo disse...


Sempre a surpreender-nos com essa sua forma
de dizer as coisas, Manuel Veiga.

Um manancial que não se esgota, numa linguagem
encantatória que transcende a fala dos simples
mortais. Já lhe disse uma vez que ombreia com
os deuses, através desse seu talento poético.
E repito-o agora.

Um abraço
Olinda

A CARTA QUE NUNCA TE ESCREVEREI

Uma carta que a memória guardou no cofre das emoções. Sem resguardo. Antes, com a desenvoltura das palavras presas numa sensualidade sentida...