quarta-feira, agosto 30, 2023

PASSA, TUDO PASSA...

 

Nem Reino nem Glória

Apenas os passos cansados e a poeira

Dos caminhos. E o reluzente rubi

A brilhar por entre os dedos …

O salgueiro ali permanece. Como sempre

Mas outro. A oferecer sua sombra. E o rio

Agora seco, em cascatas de memória.

E o freixo. E o canto do melro

A agitar-se em cio.

 E também a menina dr Álvaro de Campos

À porta da Tabacaria

(e a comer chocolates, está claro!)

E também a inamovível pedra

Em que me sento…

Que me importa a mim a verdade

Ou a mentira? 

Verdade e mentira passam…Tudo passa…

Apenas a reluzente pedra me interessa

Que venha então a gargalhada dos deuses

E a última jogada! …

 

Manuel Veiga


3 comentários:

Tais Luso de Carvalho disse...

Que show de poema, meu amigo!
Muito bom ler você!
Sim, tudo passa, e pensando sobre isso,
é bom por um lado e ruim pelo outro,
e assim tudo acabará.
Mas enquanto vivos, os bons vivem bem melhor,
sem dúvida.
Beijo, um feliz restinho de semana, amigo.

Maria João Brito de Sousa disse...

Elas virão, sem dúvida: a gargalhada dos deuses e a última jogada...

Forte abraço, Manuel!

Olinda Melo disse...


"E tudo passa. Tudo passará..."
A verdade da mentira, inclusivamente.
E a inamovível pedra permanecerá,
sem dúvida. É o que interessa ao
Poeta.

Como sempre, magnífico, Manuel Veiga.

Um abraço
Olinda

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