terça-feira, novembro 28, 2023

Na Orla das Palavras e da Lingua


Na orla o abismo (tudo ou nada)

Onde se despenha a palavra como águia no deslumbre

Do voo. Volteio dos sentidos em que se dizem

E se desdizem em cópula de (im)possibilidades

Ou rebentação de nascentes. Fecundas todavia

Ainda que obscuras, por vezes, a exigirem a demolição  

Dos comuns lugares onde desaguam.

 

Colorida profusão de sons a estalarem

No palato, matriz e cúpula.

E salivas múltiplas

Favos de amor jurado

Palavras vernáculas. E bárbaras…

Língua de pétalas e rosas

Cavalgada de infinitos

A abrir-se à voracidade

Do Tempo


Manuel Veiga

1 comentário:

Olinda Melo disse...

"Língua de pétalas e rosas", verso que purifica as palavras vernáculas e bárbaras, trazendo sentido e sentimento ao tropel de emoções que este belo poema nos induz.
Cavalgada de infinitos, em direcção à luz.
Como sempre a admirá-lo, Manuel Veiga.
Abraço
Olinda

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...