Vicejam
espinhos nas ruínas do tempo
E os rios
medem as margens no sobressalto das árvores...
Em seu
pudor - ou resguardo - a palavra lateja. Mítica.
Clandestina
embora atiça o fervor que germina
Nos
rostos calcinados e na amargura dos homens.
E o
alvoroço ganha então asas nas veredas do sangue.
E no
percurso inóspito dos passos...
As
mulheres revestem-se de sibilinos gestos
E
soletram a boca das crianças
Nas
migalhas...
E erguem
o olhar pleno. Antigas ânforas
Que
repletas extravasam. E minguadas se aprestam
A todas
as sedes e a todas as urgências.
E que de
mão em mão passam. Gloriosas...
Fecundos
são os dias assim pressentidos
Que
amadurecem como crisálidas. E se soltam serenos
Na
arribação das aves. E nos ritos da memória...
E se
advinham no pulsar expectante da cidade
Ainda
agora cais. A erguer promessas.
E a
desenhar velas
No
horizonte líquido do Tejo...
Manuel
Veiga
2 comentários:
Olá, Manuel Veiga
Este Poema é lindíssimo e diz-nos
tanto tando no extravasamento das
suas margens, que acrescentar mais
alguma palavra é estragar a harmonia
e o ritmo de que se reveste...
A Palavra, mítica, continuará aqui
incólume.
Um abraço.
Olinda
Onde se lê "tanto tando",
deverá ler-se:
"tanto tanto"
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