Falam-me estes
dias de suaves sortilégios
Quando os olhos
sorriam na ternura de um afago
E teu regaço,
Mãe, era altar e refrigério…
Não havia
profusão de cores. Nem artificio.
Tudo se resumia
à singeleza de teus dedos
Ajeitando o musgo
sobre a pedra.
E a imaginada
gruta onde construías o milagre
Aninhando-se em
mim: – Deus menino!...
Que o outro
Menino era apenas pretexto.
Natal que tu não
sabias, então, Mãe, mas eu sei.
Hoje!...
E em que incréu
teimo!...
E a mãe celeste
era a amorável devoção
Com que enfeitavas
o caminho. E deitavas
Nas palhinhas o
meu olhar deslumbrado
E o doce
encantamento…
E a liturgia
imaculada do presépio!...
E esta eterna
dor da ausência. E tua presença
Iluminada que
pressinto em cada passo!…
Manuel Veiga
5 comentários:
..."dor da ausência".
De ausências...
Gostei muito.
Abraço.
Há memórias assim...
com "suaves sortilégios"
.
~ Um sortilégio suave, emocionante e belíssimo!
~ Mãe querida, presença iluminada no seu peito, ficaria
comovida e muito orgulhosa pela sua sensibilidade terna
e apurada e pelo seu maravilhoso talento.
~ Não levaria muito a sério a presente crua incredulidade.
~ ~ ~ Abraço amigo. ~ ~ ~
~
Muito bonito, heretico!! Mesmo muito bonito!
A tua Mãe, lá onde estará, deve estar embevecida... (eu estaria!)
Beijinhos e
continuação de Boas Festas.
Uma ternura de poema
para quem não crê
mas acredita
Abraço sempre
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