No pórtico da
Palavra onde – marés vivas –
Todos os
sentidos se dizem e se desfazem
E todos os
naufrágios se arrimam
E todos se
revestem de alegrias frustres.
Nesse lugar de
imponderáveis e de riscos
E de matriz de
água e incêndios alvoroçados.
Devolvo ao mar –
a grande Cloaca que tudo devora –
O náufrago nome
infrene
E lhe ofereço todos
os salvados
E todos os
“nocturnos despojos”.
E todas as
miragens.
E todas as palavras
mortas
E todas as
palavras ainda por dizer.
E numa
caligrafia íntima – minha flor de sal –
Deixo que meu
próprio sol
Se derrame à
flor da pele – carícia breve!
E bálsamo seja.
E limpe.
E arda.
Fogo-fátuo a
iluminar por dentro
Os dias de
porvir.
Manuel Veiga
23-10-2016
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