Para minha
Mulher.
Urgência de teus
olhos assim tão fogo
Que tão líquidos
se derramam e mil silêncios
Os consomem. E mil
fios. E mil teares e enredos.
E mil anos os
dizem. E mil helenas e mil tróias.
E mil penélopes
os resguardam.
E mil “mulheres
de Atenas” – verbenas!
E mil cantos. E
mil rezas. E mil lágrimas colhidas.
Sou o pórtico
desse fogo e a barcarola do sonho
Sou o rumo e
ancoragem. Sou abrigo.
Sou o brado. Sou
o grito. Sou incêndio
Das pontes. E as
águas que correm no rio.
Sou a carne
insubmissa. Sou a miragem!
Sou a memória
perdida. Sou a fonte.
Sou origem. Sou
quase tudo
No olhar em que sou cativo.
Meu amor, meu
amor, sou o poema
Em que te digo.
Manuel Veiga
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