Bem sei que
minha liberdade é o pequeno passo
Que vai da mira
ao alvo.
Bem sei! – e, no
entanto, nego-me
Ao disparo.
Certeiro.
Que arremessos
Eu não faço.
E de pedras apenas
as que a mim se afeiçoam
Como letras de
poema espúrio.
Ou aquelas outras
em que me sento:
- Átrio de mim
mesmo - ou não sendo minhas
Balizam meu
caminho.
Por isso, nego-me.
Não quero ferro que mate
Nem pedra que
desbaste – apenas fisga
No bolso e olhar
firme.
Sem glória
Ou acinte.
Afasto então as folhas
mortas
E bebo água de
meus dias.
E nego-me.
Não gosto do
odor dos pântanos.
E bem sei que quem
com beijo mata,
Em seu veneno
morre – solidão ferida.
Evoco assim meus
deuses - e nego-me.
E do castelo
negro em que habito
Peço e rogo. E meço
e estilhaço
E, solene,
proclamo.
E atesto
Que meu espelho
Nunca me servirá
de máscara
Nem muito menos
me será tumba
Um dia.
Manuel Veiga
30-10-2016
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