Na outra margem do
silêncio
Onde a palavra ferve e
indomável se arrisca
A arder em fervor de
penitência
E a dissolver-se inócua no
magma corrosivo
Onde todos os sentidos
se aniquilam –
Jogo de significações
espúrias –
E no entanto teima.
Essa palavra insubmissa
Que na outra margem de
todos os silêncios
Queima os lábios dos
poetas e se liberta insana
E descarnada se faz
cinza
Sem mais nada que a
detenha
Que não seja arder
Sem mácula.
Nesse ponto-fuga da
palavra exacta
Que na outra margem do
silêncio explode
E se faz nuvem ou paixão
acesa
Já não palavra – abre-se
rosa de lume
Nas dores do Mundo –
E tempestade.
E recolhe-se exaurida e
livre
E nas ardidas pétalas
Do poema –
Coisa de nada!...
Manuel Veiga
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