quarta-feira, julho 26, 2017

REBELDIA DOS CARDOS


Transbordantes linhas que se afeiçoam
Na planura. E desenham o perfil das colinas
A derramarem-se no sol. Horizonte a arder
E o doirado quente da lonjura
A finar-se no corpo altivo
Da paisagem.

Ermitério e viagem. E eco de passos-dança
Movimento rasante a bordejar o voo das aves
E os longínquos sons
Ainda acesos.

E o borbulhar por dentro esta emoção
Alada: sou este terreiro.
E este feno.
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Sou esta ceifa
E esta vindima engalanada.

E sou este culto.
E este mergulho inesperado.
Sou este mosto. Sou este linho.
E sou a cúpula das igrejas.

Sou poeira rolante: poalha ardente
De meus passos.

E sou a rebeldia
Dos cardos.

Manuel Veiga

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