quarta-feira, setembro 13, 2017

VESTE-SE O OUTONO DE MOSTOS


Veste-se o Outono de mostos e fermentam
Sabores na glória dos frutos que as bocas
Sequestram. Tão macios
Que se desprendem
Em promessas
Atordoadas

E permanecem no mel colhido
E nas línguas. Suculentas...

Impúberes os sonhos. Ainda.
Que humedecem os olhos
De tão claros.

Azul na vertigem. E no alvoroço
Cinzento na hora da chegada
Como restolho depois do dia
Ou despojos. Diurnos.
Antes da noite
E do frio...

De nada vale o doirado das vinhas
Nem a plangência do sol
Nem o vigor íngreme
Dos passos.

Nem a vindima.
Nem os cestos...

Outono é esta memória cálida
Fogueira onde soletro meu corpo aceso
Dulcíssima flama em que me embalo...


Manuel Veiga





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