E sei das lendas. E de
moiras a bailar
E dos fios do luar.
E sei das noites
Cálidas.
E sei de ledas fantasias.
E de harpejos murmurados
E de folias.
E sei de minha sede
A crestar-me os lábios.
E da água
Bebida pelos dedos. E sei
de furtivos beijos.
E da cascata dos cabelos
Negros. Já passados.
E sei do colear das
ancas.
E das ânforas.
E sei daqueles olhos. Estouvados.
A arder em chamas.Vivas.
E sei das pálpebras
descidas.
E dos enleios. E dos
seios. E dos dedos.
E sei dos medos –“que se faz
tarde”!
E sei da lua a espreitar
-
Linguareira.
E sei desta subterrânea
corrente.
A soltar-se em lava. E
sei deste cântico.
E desta dor funda. Derradeira.
E deste deslassar dos
ecos
Pelas margens da
ribeira.
E sei da música do tempo
E desta memória em flor.
A teimar
Alvoroçada.
Manuel Veiga
7 comentários:
Muito, muito bom:))
Hoje:- Fim de tarde, de amor contagiante .
Bjos
Votos de uma óptima Terça-Feira.
dois grandes poemas, estes últimos.
(ah, bendita inspiração e mestria -outra vez rsrs).
uma semana óptica, meu caro amigo Manuel Veiga
"E deste deslassar dos ecos
Pelas margens da ribeira."
É a arte da escrita. É a festa da vida e de quem lhe sabe colher "a memória em flor".
Parabéns, caro amigo, por esta retemperadora "música do tempo".
Beijo, Manuel.
A confusao de odores, toques e olhares tornaram este momento muito belo. Eu sei que e lindo, muito lindo. Abraço.
Bem. Um mundo este poema. Tudo existe nele. Simultaneamente, contido e alvoroçado. Um manancial que se nos oferece mas, também, a SEDE continua ali.
Uma emergência. Um tempo a emergir do fundo dos tempos.
Uma Antologia que, se todo o seu conteúdo se espelhar no poema que acabo de ler, será, então, uma Obra de vulto.
Abraço
Olinda
Muito bonito. :)
Bom fim-de-semana. Bj
Lindíssima, esta sede de viver... tão bem transposta em palavras!...
Mais uma magnífica inspiração, que foi um prazer apreciar e descobrir...
Beijinho
Ana
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