Poema é pura forma – sem regra
E sem guarida…
O poeta é de outra instância
É torre que assinala. E o húmus.
E a substância.
E é o parto que fomenta. E é a gravidez do mundo.
E o gesto inaugural
E o xisto que detona
E o fogo sagrado
E a ara em que se imola. E a febre.
Verbo sem mácula negando-se à captura
Da Forma...
Não cabe ao poeta o curso do poema.
Manuel Veiga
9 comentários:
Poema adorável:))
Hoje:- Se soubesses, como brilha o sol em mim.
Bjos
Votos de um óptima Quarta - Feira
Mas cabe ao poeta essa dicção, essa inflexão, tão própria e apropriada, para "encontrar a realidade das coisas". Basta que estejamos diante da perplexidade que o poeta insinua...
Um forte abraço, caro amigo!
Poema fantástico, com beleza, sentimento e ritmo
Obrigada
Abraço
A poesia pode ser um misto de desafio (para o poeta) e de descobrimento (para o leitor). Assim, o poeta disponibiliza um campo minado que pode desencadear no leitor diversos sentimentos pessoais.
A poesia é inútil (alguém disse), "sem regra, sem guarida", mas indispensável. E é algo impossível para as mentes adestradas e castradas.
O poema é brilhante, parabéns.
Caro Veiga, continuação de boa semana.
Um abraço.
Pois é, meu amigo, o poeta mostra o mundo como o vê, só que com um pouco mais de suavidade, talvez para não melindrar a sensibilidade de alguém. Porém tudo fica dito nas entrelinhas, e que muitos não enxergam.
A construção, a forma já vai aliviando. Quantos poemas lemos que, muitas vezes, abrem-se as janelas da vida!?
Não cabe ao poeta o curso do poema. Sim, mas as águas escoam.
Por isso são poetas.
Beijo, felizes dias pela frente.
" Não cabe ao poeta o curso do poema"
Como me revejo neste verso! Como se delírio fora. "E febre".
Diria que, neste poema, o talento se ergue.
Parabéns, meu amigo Manuel Veiga.
Beijos.
Curioso, eu li:
"E é o parto do fonema"
E o meu cérebro disparou numa série de associações, sobre a cadência, a melodia, o timbre da voz.
E pensei que é interessante pensarmos em que voz ouvimos o poema na nossa cabeça. E a sorte que temos quando conhecemos a voz de um poeta e podemos evoca-la em nós e ser embalados por outra voz que não a nossa.
Isto numa fração de segundo até perceber o que está escrito
"E é o parto que fomenta"
Mas talvez isto que me aconteceu ao ler seja parte do que diz o ultimo verso
"Não cabe ao poeta o curso do poema"
As palavras não são nossas - disse-me um amigo um destes dias.
Tudo o que escrevemos é incorporado por quem lê e deixa de ser nosso.
Ideias emprestadas que traduzimos como sabemos e podemos para serem reinterpretadas por outro num qualquer momento em qualquer lugar do mundo.
Um poema escapa do sussurro dos nossos lábios
Que lindo!!!(Como sempre - e cheio de força. Força que nos vem da terra, da mãe-natureza! Muito bom!)
Beijinho, Poeta
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