segunda-feira, fevereiro 11, 2019

Uma Pequena Homenagem e Uma (In)desculpável Vaidade


Conceição Lima é produtora e apresentadora do programa de divulgação de Poesia da Radio Vizela – “Uma Hora de Poesia”. O programa tem, segundo julgo, cerca de meia dúzia de anos e, apesar de se tratar de uma Rádio Local, tem verdadeira expressão nacional, tantos são os poetas e qualidade da poesia apresentada no programa.

Tempos atrás, Conceição Lima entendeu fazer um programa à volta da minha poesia,  com uma pequena entrevista, análise e leitura de poemas, pela própria e por um grupo de amigos, seus habituais colaboradores que, com sua voz e o seu enorme talento dão expressão aos poemas, no decurso de cada programa.

Entretanto, aconteceu a publicação do romance “Do Amor e da Guerra”. Conceição Lima apaixonou-se pelo livro e anunciou-me, peremptória, que apesar de sua motivação ser apenas falar de poesia e não de literatura de ficção, queria muito, depois de reler, poder falar sobre “Do Amor e Da Guerra”.

Foi assim que surgiu a apresentação do livro na Associação Macaréu, na cidade do Porto, no passado 15 de Dezembro. Conceição Lima cultiva a boa prática de se jogar sem rede naquilo que gosta de fazer, seja na apresentação do seu programa, seja na apresentação de livros. Quer dizer, prepara meticulosamente as suas apresentações, mas nega-se a falar com suporte escrito. Fiquei a saber quando lhe falei em deixar-me cópia das notas e apontamentos sobre as quais assentava a sua brilhante apresentação. Que não havia nada escrito, mas que escreveria umas anotações sobre Maria Adelaide (a heroína), que momentos antes havia sido objecto de ligeira controvérsia entre nós os dois.

Aqui fica, pois, em traços bem vincados, embora breve, o perfil de Maria Adelaide, personagem nuclear “Do Amor e Da Guerra”, mediado pelo olhar arguto de Conceição Lima, a quem agradeço com o maior apreço pelo seu trabalho inestimável de divulgação literária, em nome de uma amizade que, sendo recente, se deseja perseverante e sólida.


“Ao leitor não importa a verdade dos factos. Interessa, sim, a “verdade” da narrativa, a capacidade que o autor (“se autor houvesse…”) nos oferece de nos confrontarmos com “ alguém” de corpo e alma, permitindo que consiga emergir das suas palavras, alguém de corpo inteiro…

Assim foi com Maria Adelaide!

Maria Adelaide é uma das muitas personagens que tecem esta narrativa…É ELA, porém, o “ veio” que a alimenta. Ela é a seiva que percorre o enredo. Imperial, irreverente, excessiva, de olhar felino, ei-la que irrompe, que salta para o palco, que exige holofotes com a luz bem direcionada…

Ela exigiu e o narrador deu-lhe luz própria, fê-la “estrela”!

Maria Adelaide é, no fundo, “a pedra angular” de toda a diegese. Sim, pedra…Rocha! Cristal em bruto…Até ao fim, vibrará, retinirá e o seu eco perdurará…

Será “a incisão e o ariete” desta tatuagem!..."




16 comentários:

José Carlos Sant Anna disse...

“Conceição Lima cultiva a boa prática de se jogar sem rede naquilo que gosta de fazer, seja na apresentação do seu programa, seja na apresentação de livros”, ter alguém com este figurino para comentar, analisar, discorrer sobre o nosso texto, é tudo que queremos, sem vaidade. És um privilegiado, rss.
Parabéns pelo seu talento e pelo dela também. O bom leitor é também um criador.
Um abraço, caro poeta!

Rogério G.V. Pereira disse...

À semelhança de Conceição Lima
que sejam muitos(as) a apaixonarem-se
por tuas páginas.

Abraço

Guiomar Lobo disse...

Felicito-o com toda a sinceridade.
Também sou sua fã.
maria

Larissa Santos disse...

Muito bem. Gostei de ler:))

Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira.

Tais Luso de Carvalho disse...

Uma merecida homenagem, que merece uma boa dose de vaidade, sim! Por que não?
Parabéns, amigo poeta!
beijo

Rosa dos Ventos disse...

Confesso a ignorância do programa e do autor mas parabéns aos dois!

Abraço

Graça Pires disse...

A Conceição Lima é uma pessoa admirável e o que ela tem feito pela poesia e pelos poetas não tem preço. Que bom ela também ter gostado do teu magnífico livro "Do Amor e da Guerra" e ter achado que a Maria Adelaide "exigiu e o narrador deu-lhe luz própria, fê-la “estrela”! Não posso estar mais de acordo.
Uma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.

Teresa Almeida disse...

Tive o privilégio de estar presente num fascinante momento literário que a recente obra de Manuel Veiga provocou. Tinha mesmo curiosidade de assistir à abordagem de Conceição Lima. E, de facto, a apresentadora soltou amarras e deixou-se levar pela efervescência da narrativa. O brilho, o entusiasmo e a estética da palavra cativou a assistência. A paixão pelo romance "Do Amor e Da Guerra" foi notória.

Abraço ambos com elevada estima.

Manuel Veiga disse...

Teresa, minha amiga

muito obrigado pelo teu comentário e pelo teu testemunho
permito-me porém uma breve clarificação - se ali alguma "paixão" se manifestou foi a paixão pela Literatura.

a "a paixão" pelo meu livro foi anterior e, como se compreende, seria ali redundante...

beijo

Agostinho disse...

Está por_tanto de parabéns o Poeta e Escritor Manuel da Veiga. E manifesto reconhecimento pelo mérito da pítia Conceição Lima, que não conheço, pelo que me é reportado por diferentes fontes.
Abraço.

Manuel Veiga disse...


exageros de amigo, caro Agostinho!

nem a Conceição Lima se reconhece certamente como Pítia, nem este teu amigo e admirador de teus excelentes textos, se reconhece nas Maiúsculas de escritor e poeta com que me mimoseias...

e também não há necessidade de "exagerares" no meu nome - basta-me ser Manuel Veiga

forte abraço

Olinda Melo disse...

Já tive a oportunidade de ouvir alguns dos programas de Conceição Lima. Penso que é um veículo muito importante para a divulgação da Poesia.
Neste caso, trata-se da prosa envolvente desse seu livro, do qual nos ofereceu aqui alguns capítulos, o que me parece de louvar.

Parabéns.

Abraço

Olinda

Conceição Lima disse...

Tanta generosidade, meu amigos!!!
Na verdade, as minhas palavras não têm o mínimo de preocupação de análise literária ee / ou estética... Saíram assim, porque foram espicaçadas , fortemente empurradas pela prosa de Manuel Veiga...Na vida, durante toda a vida , tento viver com entusiasmo...O livro "pegou-me" a sério e fui eu que declareei ao Autor a minha paixão, o meu entusiasmo pelo livro...Quando assim é, não há nada que nos comande: as palavras vêem a ferver e furam...
Um abraço a todos...
Um beijo de profunda admiração a Graça Pires de quem sou devota leitora!!
Um beijo, a ti, Manuel Veiga, que sabes como construir uma intriga emocionante, profundamente cativante!!Desejo-te o sucesso quee MERECES!

Agostinho disse...

Ora, ora...
Dias felizes.
Ontem
Rosas, rosas, rosas
Rubor, rubor, rubor
Floor, floor, floor
Amor, amor, amor

Manuel Veiga disse...

ora, ora ...
andas com as lentes desfocadas, Agostinho

abraço

Agostinho disse...

Fizeste-me rir, agora, eu que já tinha sorrido, a meio tom.
Tenho uma catarata por fazer. Estava mais ou menos à bica, agora, nem sei como fazer.
Um dia destes ponho à janela um papelucho para desenjoar do bafio.
Abraço.

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...