No gume das palavras cálidas
E naquelas outras que se
desfazem na boca
Como rubis líquidos.
E também naquelas que se
negam
E eternas permanecem
irredutíveis
E, na iminência do fogo,
se recolhem
Ao interior do silêncio.
Nesse território de
afeições
E luminescências onde as
esferas são capricho
E o poeta se paramenta
de vestes
Usurpadas – sacerdote ou
mago!
Eco de pederneira e
combustão
De delírios. Em sua
dança e obstinado aferro
E na sinfónica desordem
das coisas festivas
Onde todas as auroras
são apenas
Reflexo côncavo. E registo
breve.
Nesse magma de
impossibilidades eternas
Palato e língua na
memória dos mostos
E aguilhão de ausências.
Nessa danação de Fausto
E Orfeu enclausurado...
Ergo meu cálice em
cerimónia íntima
E em rituais de fogo te
proclamo
Vestal e Templo.
E te digo Poema
Fogo e Sarça
E te nomeio.
E te guardo...
Manuel Veiga
6 comentários:
Força das palavras, inscritas no território dos afetos e proferidas nos rituais de fogo e vinho...Que assim seja a Poesia que aquece o coração do poeta!
Que a semana que inicia seja de luz.
Beijo,
Genny
Nestes "Rituais de Fogo", somos tentados a seguir o Poeta no caminho que ele vai traçando, em que alia mitologia à elegância e sagesse. Assim, enfrentaríamos de bom grado a danação de Fausto e entraríamos no navio dos argonautas, em busca do velo de ouro, sabendo que no fim desse percurso encontraríamos apaziguamento na miragem do Templo, talvez, desejado.
Abraço, Amigo Manuel Veiga.
Olinda
Em cerimónia íntima, no interior do silêncio, posso ver o Poeta a partilhar com os deuses o ritual do fogo… Magnífico, meu Amigo!
Uma boa semana.
Um beijo.
Parabéns. Deliciei-me com este excelente poema:))
Hoje:- Quando a minha alma naufragar...
Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira.
Um lindo poema!
O poema é um ritual em que o poeta se enleia e vive extraordinárias experiências. Arrisca queimar-se para que o Aleluia seja.
Gostei imenso,amigo Manuel.
Beijo.
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