Magnânimo seja o freixo e sua sombra
E os braços erguidos
Em oração muda.
Magnânima a margem das ribeiras
E as cascatas no silêncio das montanhas.
Magnânimas as pontes que não deslassam
E as pedras que ficam pelo caminho.
Magnânimo o toque das igrejas e os altares
No olhar compassivo dos incréus.
Magnânimo o voo das aves e a vertigem
Magnânima a Lua e as noites de Agosto
E a bebedeira dos sentidos
Assim colhidos.
Magnânimo seja o ar que respiramos
E o pão dos pobres.
E a sede de todos os proscritos.
Magnânimas as almas piedosas e o perdão
Na forca dos condenados.
E na dor dos vencidos.
Magnânimo o dia de ontem
E a gravidez do tempo no coração dos homens.
Magnânimo seja o final da tarde
E o piar do mocho. E rouco cântico do poeta
Em sua humanidade…
Manuel Veiga
9 comentários:
Que assim seja
Simplesmente e poeticamente falando...BRILHANTE
Cumprimentos
E tão generosos continuem os poetas que saúdam os pobres, a natureza, as crenças, os sonhos dos infelizes, a dor dos vencidos, o tempo limitado dos homens e o sofrimento dos animais! Que esse canto seja eterno, tanto quanto maravilhoso está - Manuel!
Maravilha!
Beijo, um bom fim de semana!
Magnânimo poema, Manuel!
Abraço
Um poema belíssimo, que poderia ter sido escrito por um santo...
O resultado é excelente, gostei imenso.
Um bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Abraço.
o meu poema poderia ter sido escrito por um santo? nem pensar, seria um grande peso que rejeito... rss
nem por santo, nem muito menos por anjo, meu caro amigo Jaime Portela!
o poema pretende apenas exprimir um humaníssimo desejo
de tolerância e compreensão perante o barro de que somos feitos. e por vezes esquecemos.
abraço, meu amigo
Canção de protesto tão bem escolhida para acompanhar um poema que se assemelha a uma oração. Oração no sentido do desejo de justiça e de igualdade.
É o "rouco cântico do poeta em sua humanidade."
Beijo, amigo Manuel.
No ritmo das "bem-aventuranças" leio este belo Poema e retenho estes versos:
"Magnânimo o dia de ontem
E a gravidez do tempo no coração dos homens".
Sim, que o "dia de ontem" não nos pese, nas nossas obras, nas nossas emoções e no olhar que lançamos ao nosso redor.
Que o tempo seja companheiro e nos ensine a ver o que, por vezes, se encontra escondido em nós e nos custa a trazer à luz do dia.
Abraço, caro amigo Manuel Veiga.
Olinda
Gostei do seu poema!
Saudações poéticas!
Louvor
à generosidade de quem dá
e de quem recebe, ou seja,
daquilo que se tem e
daquilo que não se tem.
O Poeta dá pão aos pobres
nas palavras do poema.
Abraço.
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