quarta-feira, junho 10, 2020

O FRÉMITO. E O LÁBIO...


O poema é pura forma
Abstracta melodia
Delírio da cor
A derramar-se
Na tela nua

Em verdade
O poema está noutro lado
Límpido cristal
A macular-se
Licor e vinho
E a fermentar
O frémito
E o lábio

Vermelho-vivo
A inaugurar-se beijo
E a derreter-se
Mel e favo…

Manuel Veiga

10 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Poeticamente fascinante de ler. Gostei demais.
.
Tenha um dia/noite feliz
Cumprimentos

Cidália Ferreira disse...

Um poema maravilhoso!! :)
-

Deambulando na frescura das manhãs...


Beijos e uma excelente noite! :)

CÉU disse...

O poema pode estar onde quisermos, mas num beijo vermelho-vivo está com certeza. E que o mel escorra pelas gargantas e pelos corpos.

Desta vez, não há vídeo, preferencialmente na Língua de que ambos tanto gostamos?

Beijo, poeta!

Tais Luso de Carvalho disse...

O poema, seja em que época for escrito, é a mais bela forma de manifestação, nasce bonito, terno e amoroso como também pode mostrar toda a indignação do mundo, se expõe assim como nasceu. Assim como vê o mundo, e com toda sua beleza e elegância.
Beijo, meu amigo, belo poema.
Saúde e paz, precisamos!

José Carlos Sant Anna disse...

Que belo recurso de aproximar-se dessa "abstrata melodia", do "objeto" poesia,
"límpido cristal" "licor e vinho"... propício à criação pela palavra. E a linguagem perdura no palato.
Um abraço, caro Manuel

Teresa Almeida disse...

Em transmutação permanente e pura, convocam-se os sentidos e dá-se vida à palavra.

Bravo, poeta!
Vou adorar reler.

Beijo, meu amigo Manuel.

Jaime Portela disse...

Excelente poema. Como sempre.
Gostei imenso.
Caro Veiga, um bom fim de semana.
Abraço.

Olinda Melo disse...


"O poema está noutro lado..." O Poeta assim o decide.
E vejo com agrado que o Poema, personificado, se escreve
com gosto entre odores e sabores e tilintar de cristais,
que fazem da vida esse misto de prazer que se inaugura
num beijo ou carícia.

Abraço, Manuel Veiga.

Olinda

anamar disse...

Manuel, o que eu tenho perdido com a minha irregularidade na blogosfera.

Mas parto feliz, com este poema. Outros virão.

Beijinho.

lis disse...

Sim,é o poema como um sonho
_abstrato efêmero imaculado
marsala como vinho 'a fermentar'
mais ou menos como descreveu um poeta:

" devem permanecer nas gavetas,
nos cofres, trancados até o nosso fim .
E por isso passíveis de serem sonhados
a vida inteira."

com abraço mVeiga

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