segunda-feira, junho 08, 2020

UM CIBO DE NÓS - Odete Costa Ferreira


 DA INCERTEZA

3.
“No ócio das horas, que pulsam lá fora,
Singra a irresponsabilidade
Pelo alheamento das vidas comuns
E morre a carne do poema.
Inglória morte, descuidados dedos
Que não escreveram, no tempo certo,
As palavras necessárias,
Ocupados no lirismo dos versos
E a carne foi inutilidade.
E a invocação das águas é maldição
Quando nelas se morre de todas as sedes,
A da dignidade, antes de tudo.
E a do intelecto, quando este se fecha
Na concha dos iluminados.

Que fez o homem às tochas
Que ardiam nas praças do pensamento livre?

Convoquemos as ágoras para que os versos líricos
 Estremeçam, por inteiro, o espírito dos homens.”

Odete Costa Ferreira

In “UM CIBO DE NÓS” – Pág. 95
Mosaico das Palavras – Editora
Fevereiro 2020

…………………………………………………..
(…) Não é, por certo, uma resposta militante, mas é, certamente, a assunção de uma cidadania e do cumprimento de si. Percebe-se a intenção, sente-se a maturação e, sobretudo, (apanágio da Palavra de Odete Costa Ferreira) a ideia de que a Palavra só será sólida, plena e integra se nascer da Verdade, da Autenticidade e de uma espera vigilante (…)

Conceição Lima – in Prefácio

Parabéns, Odete Costa Ferreira
Minha Querida Amiga
e Distinta Poetisa ... 

10 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Um poema lindíssimo sem dúvida alguma. Sedutora homenagem.
.
Cumprimentos poéticos
Boa semana

Cidália Ferreira disse...

Fantástico publicação!
-
As nuvens são castelos, onde desejo viver

Beijos e uma excelente semana! :)

Graça Pires disse...

Gostei deste poema que publicaste de Odete Costa Ferreira.
"E a invocação das águas é maldição
Quando nelas se morre de todas as sedes," É ao meu gosto…
Uma boa semana com muita saúde meu Amigo.
Um beijo.

Ailime disse...

Boa tarde Manuel,
Um poema muito belo de Odete Costa Ferreira.
Gostei de conhecer a sua poesia.
Muito obrigada pela partilha.
Beijinhos e boa semana, com saúde.
Ailime

José Carlos Sant Anna disse...

Curvei-me ante a palavra poética de Odete Costa Ferreira.
Pareceu-me que estava em outra dimensão. Tanto vigor me deixou fascinado!
Um abraços para ambos,

Ana Tapadas disse...

Excelente!
Não conhecia, mas considero muito bom dentro deste estilo poético.

Beijo amigo

Teresa Almeida disse...

Realmente é um poema apelativo, bem construído e interventivo. As questões de cidadania devem nortear-nos os passos.

Um sentido abraço de parabéns aos amigos: Odete, Conceição Lima e Manuel Veiga.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


Um belissímo trabalho poético de Odete Costa Ferreira
um poema cheio de sabedoria e muito bem construído
gostei da partilha
Saúde e boa semana
beijinho
:)

Olinda Melo disse...


Olá, Manuel Veiga

Gostei muito de encontrar aqui, no seu blog, a querida amiga Odete Ferreira.

Um belo poema, extraído do seu Livro "Um Cibo de Nós", que mostra bem a qualidade da sua escrita.

Homenagem bem merecida.

Abraço.
Olinda

Odete Ferreira disse...

Amigo Manuel,

deixo-te poucas mas sinceras palavras:

fico grata pela tua generosidade na partilha deste poema e louvo a tua

sagacidade na escolha.

Aproveito para agradecer os comentários que me deixaram.

Bjinhos



ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...