Lisa nos dedos cresce a forma e o seixo
Como linhas libertas na
geometria do sexo
Ou prolongamento das coxas
reclinadas
Em espera do gesto líquido
de colhê-las...
Acendem-se brisas sobre a
relva da tarde
Nos corpos como tochas
entre os gritos
Corvos brancos no círculo
dos sentidos
Limiar de fusão entre o
sexo e o seixo...
Rebolam-se cavalos no
declive dos seios
Línguas como vespas
ferradas como lapas
Cio estival de dias solarengos
bem altivos
Enrolados como os potros
sobre éguas...
Revolve-se o seixo e as
coxas, arde o sexo
Na boca a saliva das horas
maturadas
Tomba a paisagem sobre os
corpos e voam
Pássaros no espasmo
vulcânico dos dias...
Abrem-se grutas, argila
líquida nas línguas
E nos dedos como linhas
modeladas explode
O seixo e nas horas e nos
dias gritam aves
Em côncavo percurso das
ondas partilhadas...
Enlaçados em dolência de
cigarras ora acesas
Restolho quente dos corpos
desnudados
Nada corre! Suspensos arde
a sombra apenas
E crepitam os dorsos no
cântico da tarde...
10 comentários:
Uma publicação simplesmente bela!
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O silêncio que deslumbra pensamentos
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Beijos Bom Domingo.
Um dos mais belos poemas que me foi dado ler nos últimos tempos.
Abraço saúde e bom feriado
Que delicadeza, esta, com que fazes um poema cheio de sensualidade, onde em corpos entre tochas como gritos, sobrevoam os pássaros e arde o sexo.
Tão belo, meu Amigo!
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.
MV
um poema sensual em que os corpos falam
nas suas entrelinhas
muito belo, mesmo!
boa semana.
:)
Falar do íntimo com alma e dignidade não é para todos.
Parabéns Manuel
Encontrar as palavras ideais para se falar de acto que
implica a própria vida, no que ela tem de mais
intrínseco e profundo, é Arte.
Na leitura deste belo Poema verificamos que diversas
figuras de estilo encontram espaço privilegiado
no seu conteúdo, conduzindo-nos o Poeta a um epílogo
deveras glorioso.
Manuel Veiga, meu Amigo, uma surpresa renovada, sempre,
ver a forma como escreve e como visualiza com elegância
temas que, de outro modo, seriam considerados fora
de contexto.
Abraço
Olinda
Explode a natureza íntima da palavra e enrola-se e grita no boca das aves.
É um poema estival que arde pela tarde, como se fora o cântico dos cânticos.
A linguagem dos corpos é muito expressiva.
Beijo, caro amigo Manuel.
A sensualidade transborda , mas de uma maneira tão elegante...
Gosto muito da canção escolhida
Beijinho, amigo, bom resto de semana
Que dizer deste belo poema, Manuel? É sempre dificil imaginar o que ia na alma do poeta quando o construiu, mas é mais fácil dizer o que sentimos ao lê-lo, dizer o que nos parece ser o sentimento nessa hora de inspiração. Aqui vejo uma mistura de emoções humanas, vivendo o amor, praticando-o na intimidade de dois corpos que se querem e admirando a natureza, comparando talvez esses dois amores. A sensualidade posta num momento de amor bem vivido é um dos actos mais naturais que existem, é um acto do qual nasce uma vida, um fenomeno inexplicavelmente belo e que é comum a todos os seres viventes da natureza. Haverá coisa mais bela do que esta comunhão, homem e natureza? Pena que não pensemos nisso com mais seriedade! Obrigada, caro Amigo! Espero que estejas bem e que assim continues. Um beijinho
Emilua
E um belo poema com uma sensualidade mostrada com muita elegância; é a vida transbordando onde o amor floresce.
Muito lindo, e a bela música segue o ritmo!
Uma ótima semana, meu amigo!
Cuide-se!
Beijo.
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