O
poema
É
esta inscrição
De
lume no dorso
Do
porvir…
(De Breve Centelha)
Quem lê Manuel Veiga é
conduzido numa viagem de emoções, na qual o Poeta se entrega por inteiro e convida-nos,
a nós, seus leitores, para fazermos parte das linhas que ele desenha.
Na sua escrita, dilui-se na
euforia da Palavra e dos sentidos e declara-se Poema, em que soletra a
Gramática do Mundo num abecedário que se reinventa a cada verso, e em que
caminhos apaixonantes se adivinham, por vezes, em gestos delicados e
eloquentes silêncios.
E o fogo arde. Inscrições
de lume ressaltam e porfiam numa coleante espera, na glorificação dos
corpos, cântico de cor e vida, pequena lágrima que tomba,
na inquietação das horas, do tempo e da circunstância.
O tempo é esta circunstância,
diz o Poeta. E, tal como refere Ortega y Gasset “eu sou eu e a minha
circunstância”, ele posiciona-se atento aos condicionalismos do seu tempo donde
extrai o mel e o fel. “A hora é esta//Assim escassa//A morder a orla//Do sonho”.
Uma respiração em que se traduz e se envolve. Um desassossego pelo presente e
pelo devir.
E o lugar da memória é
preservado, rosto em transfiguração pela patine do tempo, um itinerário
de cinzas, onde o húmus continua intacto, crepitando-se o fogo numa
largueza amorável que emociona.
Em registo impressivo, de
tirar o fôlego, assistimos à inventariação poética de cada esquina da vida, num
Poema sem rima em que se perde e se encontra numa promessa, numa
viola, numa canção que se afina, numa passagem clandestina, numa senha, numa
luta anunciada…
Em muitos Poemas as palavras
confessam-se excessivas e intrometidas. Contudo, existem palavras-outras
que se guardam lacradas e que são sacrário e, talvez, espreitem
pudicas numa emanação de afectos em que se derramam e mostram a alma nua
do Poeta.
Em celebração do pão dos
pobres, dos proscritos, da dor dos vencidos, numa toada magnânima de
bem-aventurança, ousadia minha, “bem-aventurados os pobres de espírito porque deles
é o reino dos céus”, ouvimos o som telúrico da terra-mãe, ubérrima, que traça o
carácter dos homens e das mulheres, comungando desse sentimento de pertença e
distribuindo o néctar em que se traduz a vida.
E a tua bênção Pai! Evocando
os caminhos e a voz do sangue, o ciclo da vida se completa: Rito de passagem//Em
que me digo filho e pai//E me acrescento//E sou o mesmo.
Numa coreografia em
que todos os sentidos se apresentam e elegem a sua morada, o talento de
Manuel Veiga surge-nos límpido, ousado e único.
Que não neguem os lábios
O que o coração deseja.
Nem as margens o frémito
Das torrentes…
(in: Corações Ledos)
Olinda Melo
8 comentários:
E eu, querida Olinda, já me considero " parte das linhas que o nosso Amigo Manuel Veiga vai desenhando por aqui " , embora a assiduidade não seja a que ele merece. Não podia deixar de vir aqui, desta vez para dar os parabéns aos dois, ao Manuel pelo novo livro que será, de certeza um sucesso e a ti, querida Amiga, pelo belo texto que aqui deixaste em homenagem ao poeta que escreve com o coração, tratando sempre temas pertinentes quer seja em poesia quer seja em prosa. Daqui, saimos sempre mais enriquecidos. Parabéns, Manuel! Obrigada, Olinda, pela homenagem a que me associo. Um beijinho aos dois queridos Amigos
Emilia 👏 🙏
Gosto de ler o que escreve Manuel Veiga. Belo texto de homenagem
.
Cordiais saudações … feliz fim-de-semana
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Eatão ambos de Parabéns.
Excelente o texto que a Olinda tão bem escreve, esplanando numa alegoria belíssima, essa "Coreografia dos Sentidos".
Um abraço ao Autor e um beijinho à gentil colaboradora.
Aplaudo os dois!
À iniciativa da querida amiga Olinda numa bela homenagem ao nosso amigo poeta Manuel Veiga que há muito nos brinda com suas belas poesias!
Beijo queridos amigos,
Um bom restinho de domingo e uma ótima semana!
Muito sucesso ao novo filho, "Coreografia dos Sentidos"!
Depois de ler o texto da Olinda ainda fiquei com mais vontade de ler o teu livro, meu Amigo.
A Olinda tem a fina sensibilidade de entender as palavras dos poetas, coisa rara em muitas pessoas.
Continua a cuidar-te.
Um beijo.
Bom dia Manuel,
Os meus Parabéns pelo seu novo livro. Desejo-lhe o maior sucesso.
Elogio o belo texto de Olinda que tão bem sabe ler a alma do Poeta, assim como expressar de forma brilhante o seu elevado sentir que tão bem explícita nos seus sublimes poemas.
Beijinhos aos dois.
Ailime
Os meus agradecimentos ao Poeta Manuel Veiga pela
publicação deste meu texto e aos amigos pelas
belas palavras de apreço, aqui inscritas.
Abraços
Olinda
Aplausos para ambos .
Como posso obter o teu livro, meu amigo? Se me deres o gosto de o autografares, ficarei grata.
Abraço e que tenhas todo o sucesso !
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