sexta-feira, novembro 10, 2023

AVIDEZ DOS CORPOS...


Desprendem-se as palavras

Como frutos em púberes mãos

E delas colhemos

Licores. E essências.

E sorvemos

A passagem

Das horas.

O tempo é esta circunstância

E a vida suspensa

E a memória

Em combustão

A desenhar

A avidez

Dos corpos

E a metamorfose

Dos dias perecíveis.


Manuel Veiga

in "Coreografia dos Sentidos"

Edição MODOCROMIA


2 comentários:

Olinda Melo disse...

O tempo é circunstância e não mais que isso. E, no entanto, é tudo. Nela as palavras tomam esse sabor licoroso e mágico, dependendo das leis da vida e
de momentos fortuitos.
Belo poema, Manuel Veiga.
Abraço
Olinda

Elvira Carvalho disse...

Excelente poema.
Abraço e saúde

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...